Crítica do filme A substância indicado ao Oscar em várias categorias

"A Substância" é um filme que mergulha profundamente nas complexidades da obsessão pela juventude e beleza na sociedade contemporânea. Dirigido por Coralie Fargeat e estrelado por Demi Moore no papel de Elisabeth Sparkle, a narrativa apresenta uma reflexão perturbadora sobre os padrões estéticos impostos, especialmente às mulheres, e as consequências devastadoras dessa busca incessante pela perfeição.

Sinopse

Elisabeth Sparkle, outrora uma celebrada estrela de Hollywood, vê sua carreira declinar à medida que envelhece. Aos 50 anos, é demitida de seu programa de aeróbica por ser considerada "muito velha" para o público-alvo. Em meio ao desespero, ela descobre uma substância misteriosa que permite criar uma versão mais jovem de si mesma, levando-a a confrontar as implicações dessa escolha e os sacrifícios exigidos para manter a aparência desejada.

Indicações ao Oscar

O filme "A Substância" foi indicado ao Oscar, ao lado do filme brasileiro "Ainda estou aqui", em várias categorias, entre elas.

- Melhor Roteiro Original

- Melhor Filme

- Melhor atriz (Demi Moore)

- Melhor Direção

- Melhor maquiagem e penteados


Análise Crítica

O filme utiliza elementos do gênero "body horror" para ilustrar de forma visceral as transformações físicas e psicológicas de Elisabeth. A narrativa expõe como a sociedade valoriza a juventude e marginaliza o envelhecimento, especialmente no contexto feminino. A decisão de Elisabeth de consumir a substância sem questionar seus impactos reflete comportamentos comuns de consumidores que tomam decisões baseadas em incentivos emocionais e de curto prazo, sem considerar as consequências a longo prazo.

A relação entre Elisabeth e sua versão jovem criada pela substância simboliza a dualidade entre o desejo de manter-se jovem e a realidade inevitável do envelhecimento. Essa dinâmica destaca a pressão social para atender a padrões de beleza inatingíveis e como isso pode levar à perda da própria identidade. A presença do empresário Harvey, interpretado por Dennis Quaid, personifica a misoginia da indústria do entretenimento, reforçando a crítica às estruturas que perpetuam esses padrões.

Reflexões

"A Substância" serve como um espelho cruel da sociedade atual, onde a busca pela juventude eterna pode levar a sacrifícios pessoais e à perda da essência individual. O filme convida o público a refletir sobre até que ponto estamos dispostos a ir para atender às expectativas sociais e quais são as reais consequências dessa busca incessante pela perfeição estética.

Em suma, "A Substância" não é apenas uma narrativa de terror, mas uma crítica contundente aos padrões de beleza e à obsessão cultural pela juventude, oferecendo uma oportunidade para introspecção sobre nossas próprias escolhas e valores em relação à aparência e identidade.

Outros detalhes:

Algumas cenas deixam falhas quase imperceptíveis, por exemplo, quando Elisabeth está correndo até a caixa postal misteriosa e em um corte da mesma cena ela está com o cabelo dentro do casaco, em outra o cabelo está para fora. Outro detalhe, quando a Sue injeta o restante da substância, ela continua com o vestido da apresentação e quando se transforma ela já está sem roupa se transformando na coisa.

Algo que me deixou incomodada e sei que foi só eu, foi a quantidade de sangue, tanto quando a Elisabeth e chutada até a morte, quanto quando a fusão delas está no palco e cria aquela chuva sinistra e o sangue parece nunca acabar. Outra coisa é que, a velha Elisabeth, mal conseguia levantar e muito menos falar, mas ao ser comunicada da correspondência na caixa postal, ela corre como uma adolescente de quinze anos.

Enfim, esses detalhes não minimizam a mensagem do filme. A busca incessante pela beleza infinita, pela juventude eterna, e o julgamento da sociedade, que cobra sempre jovem e "gostosa", acaba fazendo pessoas, como Elisabeth, que era acostumada com os holofotes, a fazer loucuras sem pensar nas consequências.

É importante refletir sobre o filme e aceitar que nossa vida é única e FINITA. Não somos insubstituíveis, cada geração tem a sua vez de brilhar. Viva sempre o hoje, porque o hoje é um PRESENTE.

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