Orion e o Escuro (Orion and the Dark – EUA, 02 de fevereiro de 2024)

Direção: Sean Charmatz

Roteiro: Charlie Kaufman (baseado em livro infantil de Emma Yarlett)

Elenco: Jacob Tremblay, Colin Hanks, Paul Walter Hauser, Angela Bassett, Ike Barinholtz, Natasia Demetriou, Golda Rosheuvel, Nat Faxon, Aparna Nancherla, Carla Gugino, Matt Dellapina, Mia Akemi Brown, Shannon Chan-Kent, Shino Nakamichi, Ren Hanami, Jack Fisher, Nick Kishiyama, Werner Herzog

Duração: 90 min.


O filme Orion e o Escuro, adaptado do livro infantil de Emma Yarlett, apresenta-se como uma produção intrigante ao assumir um risco considerável ao investir grande parte de sua narrativa em uma abordagem inicialmente genérica, reminiscente de Divertida Mente e Uma Canção de Natal.

Contudo, a trama só revela sua verdadeira profundidade ao explorar temas mais complexos e subverter sua estrutura narrativa, tornando-se mais envolvente.

Distribuída pela Netflix, a animação da DreamWorks, eventualmente revela suas intenções, embora o resultado final não alcance excepcionalidade.

Com o roteiro desafiador de Charlie Kaufman, o filme inicia seguindo a história de Orion (Jacob Tremblay), um garoto de 11 anos atormentado pelo medo, especialmente do escuro.

Sua jornada noturna ao lado de entidades como o Escuro (Paul Walter Hauser) parece inicialmente comum, com a apresentação padrão dos personagens e seus poderes.

No entanto, Kaufman introduz discretamente uma abordagem multigeracional, que se desenvolve mais intensamente na segunda metade do filme, revelando um toque autoral marcante.

Esse toque proporciona não apenas liberdade criativa, ampliando o foco além das fobias do protagonista, mas também analisa as próprias entidades da narrativa, criando camadas que vão além de meros guias.

A reviravolta no enredo revela intenções mais simples e significativas, transformando a natureza da obra dirigida por Sean Charmatz.

Diferentemente de Divertida Mente, o universo de Orion e o Escuro é limitado em termos de design e construção efetiva.

Embora as entidades noturnas sejam bem renderizadas, carecem de um deslumbramento efetivo.

A falta de atrativos visuais e a demora para acender a chama criativa de Kaufman tornam a animação menos envolvente do que seu potencial indicava.

Apesar do retorno de Kaufman ao gênero animado infantil, a criatividade demora a se manifestar, e a obra fica na fronteira entre o genérico simpático e o ousado diferente.

Orion e o Escuro, mesmo com seu potencial, permanece no lusco-fusco cinematográfico, proporcionando uma experiência que oscila entre momentos promissores e a frustração de não atingir plenamente suas aspirações.




Escrito por:

Eugênia Haensel

Escritora, revisora, diagramadora e resenhista

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